quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Natal solidário: faça uma retirante brasileira feliz!


Interessante como nossa sociedade se manifesta diante de causas sociais. E se for um desastre então...miserere! É pior que urubu na carniça. Cada um que queria doar um pacote de açúcar, de feijão, alimento não perecível para ajudar os necessitados. Época natalina....UH! É prato cheio! Ae galera, vamos lembrar, já em dezembro, que é preciso ser solidário e fazer a boa ação do ANO! O importante é mudar a foto do perfil do facebook pra desenho animado em apoio às crianças abusadas do que passar o ano engajado em algum projeto voluntário.

Aqui nos EUA, o que não falta é Hiltonianos pagando de gatão querendo doar o que não tem: o dinheiro do colar de diamantes da semana, e fazer este sacrifício pelos menos favorecidos da Etiópia, Camboja, ou qualquer lugar, de preferencia de um país bem coitadinho que esteja na moda.

As principais potencias estão tão acostumadas a serem o centro das atenções que esquecem de olhar para si mesmos. Nos EUA, eu classificaria duas reações. A primeira, os americanos tem uma preocupação imensa de não serem o loser e estão tão acostumados a ter uma vida material que, na cabeça deles, não existe a figura do Estado garantindo direitos básicos à sociedade. Assim, também é difícil existir movimentos sociais que lutem em prol, por exemplo, dos direitos do trabalhador. Aqui mo véi, ficou doente...TÁ FUDIDIS! Até onde eu sei, eles podem te demitir “facim facim”! Teve cancer, morre a mingua. Não há hospitais públicos que ofereçam quimioterapia gratuita. Até onde também já ouvi, os médicos dão morfina pro caba ir se acabando aos pouquinhos. Por outro lado, tem a parcela dos imigrantes que formam a sociedade “americana”. Muitos vindos de países em condiçao de miséria e guerra, se vislumbram com a facilidade material e a “liberdade” que o país americano oferece e aí...? Tá tudo biutifú! As únicas ONG’s que eu conheço so far estão ligadas às causas ambientais e muitas outras às sociais para países como Nepal, Camboja...e são geralmente formadas, se não pelos imigrantes legais, pelos seus descendentes. Os EUA não tem uma sociedade tão ativa quanto a nossa. ISSO! O brasileiro tá ficando cada vez mais mal acostumado a falar mal do próprio país. Porque tudo no Brasil é uma bosta e tudo que é de fora é bom? Lambe o fiofóris do americano e sempre usando o velho discurso “you know, no meu país as coisas são difíceis e tem muita violencia”. Não há coisa que me deixe mais irritada aqui do que os babacas que pagam de coitadinho pro americano, enquanto o gringo paga o maior pau pro Brasil. Não estou discutindo aqui se a frase faz sentindo ou não, mas a atitude. Olhando a realidade de outros imigrantes, eu vejo que o Brasil tá beeem longe de ser um país pobrezinho. As desigualdades ainda existem, mas pagar de etiopiano não tem pra que. Além de que, sempre tem aquele brasileiro que tem orgulho de contar que passou “nicissidade” e fome nos primeiro meses nos EUA. Como se não houvessem mexicas em situação ainda pior, né?! Fala a estória como se isso fosse lindo! Deve bem querer que alguem escreva sua biografia. Não quero desmerecer a fome de niguem, até porque fome é sempre fome. Mas é aquela estória, só porque o caba passou dificuldades se acha merecedor (as vezes o único) do mundo porque passou fome e aí como não fez mais nada de interessante desde então, vive repetindo a merma estória over and over and over. Nem Silvio Santos rapai! Pronto, tá faltando agora virar requisito em currículo - Atividades extracurriculares: jan – set 2002 Programa de Intecambio “Starveling in US”. Ia ser selecionado logo de cara pelo Bolsa Família. Eita, mas aqui não existe o Family Bag.

Sem contar que eu não aceito o título “terra da liberdade”. O caba não pode tomar uma ceva na praia, nao tem buteco, nem fitero, e ainda é facilmente vítima de preconceito racial, social, o diabo a quatro a qualquer momento. É a tal liberdade de expressão. Óia, que nome bunito rapá! No meu país isso tem outro nome é violencia e dá cadeia.

Um dia peguei um pau (OPA! Pegou EM-O pau?) com um companheiro americano. O cara insistindo que era liberdade. Aí eu disse: “Liberdade? Tá bom! Vou dá uma cagada no meio da rua e quero ver se a polícia vai respeitar minha liberdade.” Aí, ele exitou e eu respondi: “Oxente, é minha obra de arte rapaiz! Nem pode me prender, nem pode destruir a criatividade que eu pari. Que saiu de dentro das minhas tripas” Aí, ele falou em desrespeito e atentado ao pudor, qualquer coisa do genero. Acabou me dando pano pra manga - “Então, um negro pode me chamar de braquela azeda porque ele acha que as mulheres brancas são vacas e é a “liberdade de expressão” dele dizer o que pensa, me desrespeitando, principalmente, em ambiente público e eu, pacificamente, não posso cagar na rua e chamar minha bosta de obra de arte? Ninguem tá impedindo o ser racista de pensar o que ele quer, mas viver em sociedade significa respeitar o outro e entender que o espaço público é de todos. Do mermo jeito que eu não posso dar um cagão e me sentir o Alessandri Algardi, o negão também não pode se sentir o Martin Luther King ao avesso.” Engraçado são os white americans. Geralmente bem educadinhos, eles agem de tal forma mais pela educação em si do que pela compreensão do que é ser cidadão e estar em sociedade.

E haja mais liberdade. Essa virou clássica na minha história de vida. Um belo dia lindo de sol em LA, voce entra no busão e lá vem aquele cheiro de peido. Mal o sol raiou e já estamos no aroma do dia! Eu era feliz no Brasil e não sabia. O pior é depois que voce entra no busão. Dá dois passos, tem um mendigo sentado do outro lado cheirando a um cassaco de mais de ano. Só pra voce sentir o gostinho azedo, ou melhor, podre mermo... Certo dia estava minha pesssoa, linda, chique, espetacular, com meu ar frances de ser mais do que nunca, quando chego na parada de onibus e começo a sentir um cheiro de bosta. Tudo bem que eu tava num bairro mexica, o que basicamente significa que é mais sujo e as ruas cheias de lixo. E aí, eu tentando dá uma fugida daquela catinga letal, comecei a me mexer prum lado e pro outro pra me afastar. O negócio chega a ser tão sério que começa a afetar o seu psicológico e voce passa a acreditar que de alguma forma voce esqueceu de limpar o cu na última cagada. Esse daí tá melhor que cachorro porque cagou e escondeu a merda bem escondidinho.

O fato é que, atrasada, acabei desistindo e rezando para que o calo nasal acontecesse rápido. Mas num teve jeito. Meu narizinho frances não se acostumou e eu fiquei quase 40 minutos cheirando aquela bosta esperando pelo caraí do busão chegar. E como se não fosse suficiente, o caba já tem que tomar esse tempo para se preparar psicologicamente para enfrentar o cheiro de buceta azeda que é impregnado na mercedes públicas de LA. Finalmente, lá vem o busão. Mais cheio que PE-15/Afogados às seis horas da manhã. Como uma pessoa educada, deixei um velho subir na minha frente. Quando olho pro lado, vejo o motorista fazendo um sinal desesperado pro velho não subir. Até então, achava ele ia dar partida sem a gente mermo já que tava muito cheio. Foi aí que, vendo o velho subir, vejo claramente aquela cena d’A Mumia quando a nuvem dos bisorin escaravelho abrem aquela roda para o Faraó passar. Fiquei PASSADA! Como quem tivesse congelada, só via a multidão desesperada abrindo um rombo no meio do busão. Tinha neguinho (Ou melhor negão) subindo na cadeira, se escalando pela janela pra no ser tocado pelo veio que mais me lembrava as parábolas dos leprosos. Como voces já podem imaginar, era dele que vinha o cheiro de merda! E aí, não teve outro jeito. O que é um peido pra quem tá cagado? E como já tinha infiltrado meu phyco mermo, não tive outra alternativa a não ser subir naquele coco de quatro rodas e procurar alguma coisa papolesca pra cheirar. Bom, pelo menos não tinha caroço de feijão boiando e hajajogo do contente” em Los Angeles, acaba nunca essa porra. E assim fui, o caminho todinho cheirando meu suvaco. Por sorte, alguem deixou o veio sentar, se não ia ser bosta nas coxas de todo mundo. E olhando para a cara das pessoas que estavam nas paradas seguintes, só vinha a canção na minha cabeça “Lá vem o busão, cheiro de cagão. Vai cheirar! Vai cheirar! Vai cheirar! Ve se limpa a cuequinha, nem mexica te superar não”. Essa ficou pra história.

E ai lá vem outra contradição dos EUA. O governo não dá assistencia aos estudantes, mas dá uma mal assistencia aos mendigos, incluindo passagem de onibus. Segundo fontes oficiosas, há duas explicações para os mendigos de LA. A primeira, eles são pessoas remanecentes da Guerra do Vietnam, em que ao chegarem ao país, depois de todo o sofrimento em campo de guerra, foram mal recebidos pela nação e pelo mundo. A outra é que boa parte deles vieram a terra do cinema com o objetivo de virarem celebridades e, muitas vezes vindos de cidades pequenas, se perdem com as ofertas e novidades da cidade grande até que acabam loucos, mendigos e miseráveis. Ou um ou outro.

Olhando assim, o sacrifício dos Hiltonianos ou até mermo da legião Barackobana deveria se voltar para a qualidade de vida da própria população. Qualidade de vida não é so comprar um Ipad e poder andar com ele na rua com 80% de chance de não ser assaltado. É também voce ir a um supermercado e não encontrar alguns pratos e copos com o selo do estado alertando que aquele produto causa cancer por conter tinta a chumbo. No Brasil, essa cultura de olhar pros etiopianos ao invés de olhar pro próprio povo está começando a existir, sendo assim Perolex lança a campanha de findal de ano:

NATAL SOLIDARIO! Doe uma cuzcuzeira para uma retirante internacional. Voce não precisa me afogar, basta seguir o exemplo americano. Faça boas ações para causas do outro lado do mundo. Doe uma cuzcuzeira e faça uma nordestina em Los Angeles feliz. Nós asseguramos o Kit Adoção: uma foto e um cartão da crianca beneficiada no dia do seu aniversário.

PS: se puder mandar um pacote não perecível de fubá junto, nós agradecemos.

2 comentários:

  1. Post mais que perfeito! E o endereço pra cuzcuzeira honey? Vai passar o Natal saboreando o amarelindo dos trópicos rsrsrs !

    bju!

    http://www.patriciabu.blogspot.com/

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  2. Nao seja por isso my dear, te envio por mensagem porque nao quero nenhum metido a psicopata batendo na minha porta no dia de natal se achando o Papai Noel: "HO! HO! HO!".

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