sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A volta da Papola


Após um loooongo e estressante período de férias, finalmente, Papola resolveu voltar do recesso. Nunca imaginei que minha vida ficaria tão bagunçada sem ela. Quem conseguiu me acompanhar nesses últimos dois meses, constatou a tremenda agonia que vivi. Eh, definitivamente, me acostumei a ter uma dose papolesca alucinando minha mente todos os dias. E assim seguiram os dias sem ela: trabalho, trabalho, faculdade, curso de inglês, amigos, férias, família, mais trabalho, estresse, pai, frustração, mãe, estresse, irmão, "PELAMORDEDEUS!", agregados, sobrinhos, trabalho de novo, cabelo, roupas, dívidas, amigos, frescurite aguda, cachaça, ansiedade, hospital, dinheiro, festa, dor, intercâmbio, entrevista, EUA, mais ansiedade, mais amigos, um pouco de serotonina, emprego, namoro, "AIAIAI", aperreio, Eu já falei ansiedade? Enfim, VIDA!

Mas querem saber como descobri a volta da Papola? Na primeira segunda-feira de agosto, recebo um telefonema do pessoal do intercâmbio dizendo que Eu deveria estar às 17h30 na agência para fazer um teste oral (OPS! Não é nada disso que vocês estão insinuando nessas mentes pornográficas). Como sou uma pessoa trabalhadera, perguntei se poderíamos marcar para o dia seguinte, uma hora mais tarde, por causa do meu estágio. Tanto não poderia, como tinha 15 min para sair e poder chegar a tempo no terminal do ônibus para pegar o próximo que ia sair. E lá fui Eu, quase correndo no meio da rua.

De tão ansiosa que tava, fui logo a primeira a entrar no ônibus e sentei no velho fundão. Depois que sentei, passados alguns minutos, comecei a sentir um cheirinho meio azedo. Como era um cheiro estranho, funguei com mais força e constatei que o cheiro era de C...CA...CA-SSACO CASSACO! PUTA QUE PARIU! Mais Eu já tenho sorte, viu?! (Dá uma sacada nesse texto que você vai entender o porquê: http://perolex.blogspot.com/2008/02/o-buso.html)

Geralmente, os ônibus que saem dos terminais, fora do horário de pico, vão com duas ou três pessoas. Então, não seria muito difícil achar o responsável pelo odor. A merda é que Eu era a única pessoa perto de mim mesma e por isso comecei a ficar noiada, achando que Eu é quem tava fedendo. Como o ônibus estava quase vazio e a cobradora fica lááááá na frente (bendito seja o dia em que mudaram as catracas de posição), fui fazendo os malabarismos para saber se meu suvaco tava vencido. Primeiro, fingi que estava olhando para a janela e, como quem não quer nada, passei a mão nos cabelos. Assim, você tem a desculpa para levantar os braços e baixar a cabeça, como quem estivesse ajeitando a parte de trás do cabelo. É nesse momento que você vira a cabeça pro seu suvaco e dá a fuuuungada. O pior é que Eu repeti a proeza umas três vezes e o único cheiro que sentia era do meu desodorante teen de tutti-frutti, super hiper baby. Mas isso parecia não ser suficiente e continuei noiada. Se só havia três pessoas no busú (mais o cobrador e o motorista) não seria muito difícil achar o responsável pela tentativa de homicídio culposo por vias olfativos.
Tudo se resolveu, porém, quando olhei pro velho que estava sentado no meio do busão. Sei que é preconceito, mas pelo jeito de cachaceiro cassaquento (essa eu inventei agora. Deriva de “cassaco”. Tem palavra mais expressiva para designar um ser que fede e parece sujo?) Enfim, era do suvaco dele que vinha a catinga. “DEUS É PAI! DEUS É PAI!” – pensei, muuuito feliz. UUUFAAA!!! Relaxei! Nunca fiquei tão feliz em fazer uma viagem sentido a catinga de suvaco do povo cafuçú! Eh, mas Papola caprichou no seu retorno! O babado continuou na hora de descer.

Você já reparou que olhar pela janela do ônibus deixa você hipnotizado e mergulhado nos seus pensamentos mais que profundos? Eu já tava muito doida (acho que foi a catinga que me deixou drogada) e tinha esquecido de tudo, até a hora que me levantei para descer. Demente que só Eu, atinei para o que tava acontecendo quando vi o senhor que estava sentado à minha frente catucando o nariz por causa da catinga. Aí a nóia voltou e “de cum força”. Todos os outros três passageiros que também iam descer, contorciam o nariz, fazendo caretas por causa do mal cheiro. De pronto Eu baixei os braços e fiquei lá amuada. Meu Deus será que Eu tô fedendo ou tô doida porquê não tô sentindo. É a situação mais constrangedora que se pode viver. Pior até que uma buceta flatulenta.

Desci do busú, baixei a cabeça e quase fui correndo pra agência. O mais revoltante é que o único cheiro que Eu sentia era do meu desodorante teen, que nunca me abandonou. Será que existe ilusão olfativa? O próximo desafio era passar pela recepção do edifício empresarial, onde fica a agência. Quando entrei na recepção, que é climatizada, o cheiro de cassaco no ar. AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! AIMEUDEUS! Vou fica looocaaa! Sou Eu! Sou Eu! Sou Eu! Sou Eu! Buáaáááááá! Depois veio o elevador e Eu lá, parecia que tinham colado super bonner nos braços. Subi frustrada. “Serei o comentário da agência, mas não dá pra ligar cancelando. E o que vou dizer – Oi, é que eu tive uns contratempos psicológicos de complexos axilares e não poderei ir!”. Não dava. O único jeito era IR! Como sou brasileira e a esperança é a única coisa que sustenta, assim que cheguei na agência, nem dei boa noite, corri pro banheiro. Tirei colar, blusa, sutiã, o escambau! Cheirei o suvaco. E...NADA! Funguei com todas as minhas forças a manga da blusa e...NADA! Sai cheirando tudo o que você puder imaginar. NADA! Só não fui nos pentelhos porque não sou contorcionista e nem a mulé cobra. Bem, pelo menos pude constatar que Eu sou uma pessoa estudante, pobre, mas limpinha.

Só faltava passar pelo teste final, meu Pai. Depois que fiz o teste oral na agência (êpa! Olha lá!), o véio passou para me pegar. Quando entrei no carro...NADA! Se ele não disse nada é porque nada tinha a não ser a nóia fila de uma puta na minha cabeça. Ô passageiro, cassaquento, velho miserávi. Vai tomar banho desgraça! Acabou com meu juízo. Não sei o que é pior: está fedendo, mas está tranqüilo; ou está cheiroso, mas se descabelando com a nóia. Nãããooo, definitivamente, fico com a segunda opção! Viva a Papola!

CURIOSIDADE

SUVACO é um palavra de origem cafuçú que é o mesmo que axilas, que são comumente conhecidas por sOvaco. Mas, convenhamos, com o U é mais melhor, né?

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