quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um dia na Cafuçolândia!


Com o sol forte queimando no quengo (que não é o masculino de quenga - que é o mermo que puta - mas de nuca) e o calor desgramado que tá fazendo já sentimos que estamos no verão. Eh! Aqui em Pernambuco não tem esse negócio de primavera e outono não. Isso é coisa de viado e nóis sêmo cába maxu (traduzindo: cabra da peste. Geralmente, a expressão é usada para designar um matuto – pessoa do interior, caipira – brabo que quando mata é cá pexera, rapá. Mané revóvi!).

Com a chegada do sol, vem a praia e as famosas histórias de verão. No último fim de semana, Maryangel (vulgo Mary-Li) implorou, chorou, quase lambeu meus pés, preu passar o finde com ela e a Poeteira na praia de Gaibu (no Litoral Sul do estado, no caminho para a praia de Suape - que não é só um estaleiro). E assim, o The Women Libertation Front estava reunido mais uma vez.

O babado começou logo na chegada. Eu, com minha cor de lesma reluzente e uma bandana na cabeça, mais parecia uma gringa desfilando de mochila na rua. Daí o porquê do meu vulgo nome do trio The Women ser GRINGA. O quarto que ficamos na pousada não poderia ser diferente. Era altamente butterfly. Cheio de flores, estrelas, sol, lua e nuvens grafitados nas paredes. Era altamente gay, super, hiper Liberation Front. A única coisa ruim é que as toalhas da pousada não enxugavam. Vamos dizer que elas nos deixavam “levemente secas”. (Ah, pra mim, é quase papel toalha de banheiro de restaurante chique – “Use apenas duas”). Isso já nos colocava no ritmo de Nação Zumbi - “Toalha nova, não enxuga! Faça sol ou venha a chuva!”, exceto pelo “nova”, claro. Mas tem bronca não. Somos meninas descoladas e com pinta de surfistas, logo não podíamos nos queixar. Até porque ficar molhadinha (UAU!) e bronzeada dá o aspecto de modelo de propaganda de cerveja. (Então minha filha, ARRUDÊÊÊAAA!!! Você com essa cor morena gesso...impossíveeelll!!!). Alojadas! O próximo passo foi pôr o biquininho “sou sexy, mas não sou piriguete” e nos jogarmos na praia.

Êhhhhh, marzão! Ondas, surf, curtição. Só não dava pra azarar ninguém porque, em Gaibu, você tem duas opções: ou se agarra com um cafuçú de Olinda com cara de mala metido a surfista, ou com os nativos! Nesse caso, é melhor ficar sozinha! Atingir o nirvana com a minha meditação! (uuuhuhuuUhUhuhuhuhUhuUh!!! Com a força do pensamento, hum?! Danada!) Amiga, tô na péda, né doida não! Depois de servidas de uma geladinha cerveja, eis que um dos três celulares toca e a confusão começou. O quarto membro da nossa equipe, que é homem, infelizmente, ameaçou não vir e, com umas conversas muito tronchas que num convencia nem minino pequeno, deixou a ninja do grupo estressadinha. Mas, para nossa surpresa e felicidade geral do priquitin magoado (forma pernambucanamente mineira de dizer priquito!), para alegria geral da nação, o farrapeiro criou juízo e apareceu...com uma garrafa de mingau russo. Óia! Eita que a noite foi boa. Eu e a Poeteira mais parecíamos duas autistas dançando balé na beira do mar, rodando feito loucas às duas horas da manhã. Ah, sem contar que tivemos direito a trilha sonora cantada por nós. O hino do The Women Liberation Front:

“I'm Too Sexy For My Love. Too Sexy For My Love. I'm Too Sexy.
I’m too sexy For Your Party. Too Sexy For Your Party. No Way I'm Disco Dancing” – uhuuu!!!

A aventura aconteceu mermo no domingo. O que no dia anterior estava tranqüilo, agora estava repleto, invadido, pela MUNDIÇA! Aff, Maria!!! Nunca vi tanto cafuçú por metro quadrado como Gaibu em dia de domingo. MÍsericÓrdia! Era muita farofa! Meu Deus! Ainda assim, Eu propus ao pessoal uma trilha até Calheitas, que é uma praia vizinha e bem mais decente. E foi logo no começo da trilha, bem cedo do dia, que vi uma cena chocante (uma é eufemismo, filha, foram vááárias cenas impressionantes!!! Coisas dignas de Caco Antibes).

Em questão de segundos, as pedras que formam uma divisa entre as praias de Gaibu e Calhetas encheu (Não! INTUPIU!!!) de cafuçús! JESUS CRISTO TEM PODER!!! Eu subia as pedras num despero sobrecomum. Um medo de pegar bite-bite, xanha e de ser confundida com esse povo melequento de bronzeador peba (traduzindo: ruim, fulero, fajuto). É como diz uma amiga: “Eu odeio um pobrinho!”. Tudo bem ser pobre. Eu merma, sou lisa! Mas, vamo ser limpinho né? Estilo de gente é uma coisa que se aprende, não se compra não. Não vende em “mercadinho”!

Juntando todas as minhas forças, Eu sentia, dentro do íntimo do meu Eu profundo, que poderia superar tudo aquilo. O clima, sol, praia, verão 2009 ainda estava em mim. Porém, tudo desmoronou quando, ao olhar para trás...PRÁÁÁ!!! Dei de cara com uma mala cheia de farofa. Era mala meeerrrrmo, de cum força. Sem exagero. Me senti num filme de ficção. São coisas que você acha que não existe e que nuuunnnca vai ver. Eh, a arte, definitivamente, imita a vida. Pra completar, ainda consegui ver os pratos duralex marrom que a dona trazia pra botar a farofa. Meu Deus! Mas isso...............eu... ainda... pô...pô...podia superar.

Ao voltarmos da trilha, sedentas e famintas, procuramos, imediatamente, uma barraca para nos acomodarmos e tomarmos aquela água de côco geladinha. Ô Grória!!! E só aí que tive noção da cafuçada que nos cercava. Era muito bife à milanesa! Viiixxxeee Maria! Coisas à lá novela das oito! Com um olhar infalível e atento de jornalista fofoqueiro de coluna social, percebi que o vendedor de bronzeador, óleos e protetores estava carregando uns potinhos visivelmente caseiros, que mais pareciam potes de exame de fezes, com uma meleca branca. Curiosa que só Eu, comecei a catar com os olhos algum ser da espécie cafuçú para saciar minha curiosidade.

Pra minha sorte, a mulé que tava do lado da nossa barraca comprou um e começou a se lambuzar com aquela meleca branca. “Ô moça”, cheguei toda empolgada. “Me responde uma coisa. O que é isso que a senhora tá passando no corpo:”. E para minha enorrrrrmmmmee surpresa, ela respondeu: “Ah, minha filha, isso é vasilina!”. (VASILINA? Mal pude acreditar. Mas isso, pelo que Eu saiba é usado para outros fins e meios, sim?). Melhor que a composição foram as indicações. “É, minha filha. É bom porque doura mais rápido e as gordinhas usam isso pra queimar as gorduras localizadas. Olhe, mas quem é branquinha assim, não pode usar isso não viu!”. Ai, respondi rapidinho. “AAAAAhhhhhh, claro! Claro! Não se preocupe. Ficarei longe. Bem, longe!”. Saí daê, baranga! Tá achando o quê? Eu, uma lady. Uma mulher Buchen e fina em todos os sentidos. Me entupo de protetor 60 todo dia, minha queridinha.

Esse mundo tá perdido! Depois do uso das fitas crepes pra fazer aquelas marquinhas de biquíni asa delta de dançarina de brega, dos verões passados, achei que nada poderia ser pior. A bicha era tão burra que não parou nem pra ler o pote que dizia PARAFINA! Quem tem costume de usar isso são os surfistas para deixar as pranchas mais lisas e os cabelos com aspecto de queimados. Eis que chegou a hora de partir.

NUNCA MAIS! NEVER AND NEVER!!! Eu pegarei busão entre o meio dia e às 17h. Depois que saímos da pousada, fomos lindas e bronzeadamente pegar o busú de volta pra nossa terra civilizada. Porém, o dia na Cafuçolândia, ainda não havia terminado. Ainda tinha a volta de ônibus. Pense num vuco-vuco. O busão mais parecia uma lata de sardinha de tão cheio que ficou. O filho da puta do vendedor de ostra resolveu ficar em pé, justamente, ao meu lado e colocou a porcaria do balde fedendo a peixe bem nos meus pés. PUTA QUE PARIU! Era uma catinga de suvaco. Um calor. Uma agonia! Gente empurrando. Brigando com a cobradora. Pra completar tudo, uma pirralha resolveu mostrar pra que veio no mundo e começou a chorar no meu pé de ouvido. “Ai pirralha chata do caralho, cala boca desgraça. Tá aprendendo a ser cafuçú logo de agora pexte dos inferno”. Pra fechá, o idiota do motorista passou a viagem roendo o cotovelo e cerrandos as gaias e não mudava a porcaria da música do rádio. Foi Lara Fabian com Love by Grace, a viagem inteira. Ô mulé de guela potente.

(...)There's a weakness in my faith.
I was brought here by the power of loveÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ...

Chegando, finalmente, at my home. Parei para fazer uma análise sobre o fim de semana e tudo o que se sucedeu. Eh, a lei de Malthus está certa. Só uma grande guerra ou uma mega desastre ambiental pra frear essa PG desgraçada. Afff!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário