quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Metamorfose – Parte I : O colégio


Sempre que estamos num bar com alguns amigos, falar de amor e sexo (quase, necessariamente, nessa ordem), é inevitável. A conversa sempre começa com os papos mais cabeça como conjuntura política, economia e até filosofia, mas também sempre acaba terminando (ou se prolongando) nos temas pertinentes a metança. E aí, é que você percebe o quanto que o tempo passou e você mudou (rimou! Ops! De novo!). As coisas que, antigamente, só aconteciam com seus tios e os amigos de seus pais, hoje, acontecem com você e com seus próprios amigos. Nesses momentos de cemancol é que fazemos uma retrospectiva das melhores e piores fases de nossa vida. Começando pela infância e os desenhos animados, passando pela pré-adolescência até a fase...adulta?! Não! Vamos falar em atualidade. Assusta menos.

Eu lembro bem quando piarráia, o Dia das Crianças (principalmente, por ser meu aniversário) e o natal eram as datas que Eu esperava com maior ansiedade. Ganhar bonecas, carrinhos, joguinhos, barbies e chocolates era certo! Os presentes vinham de vó, tia, pais, vizinho...enfim, era uma festa! A maior frustração era quando rasgava o pacote e me deparava com uma calcinha (quem nunca ganhou uma calcinha bunda-rica na vida, hein? A minha era vermelha). Pior que isso, só quando minha mãe, numa fracassada tentativa de me tornar menininha, dizia “você já é uma mocinha!”. EU? Mocinha?! PELAMORDEDEUS!!! Eu tinha 10 anos e brincava de Comandos em Ação, Jaspion, Giban e Jiráia com meus irmãos. Ser chamada de mocinha era desmoralizante demais. E como tudo pode piorar... ela ainda fazia isso na frente da classe maxulinista da família, em que Eu era integrante híbrido, claro!

Namoradinho? Herg!!! Eu tinha tanto medo do desconhecido que no dia dos namorados do ano de 1995 pedi a Santo Antônio para nunca casar. Eu era maxu, não tinha como negar. Tudo bem que Santo Antônio tá cumprindo com primor o pedido, mas... Porra, Santo Antônio! Eu só tinha dez anos, caraí! Sei que tá cedo ainda para dizer isso, mas não quero virar personagem de “Friends”!

Aí chega a fase da adolescência. A mais chata e humilhante. Ganhar roupas já passa a ser interessante. Por outro lado, todo mundo acha que você nunca tem idade suficiente para nada. Sair com as amigas, só se estiver em casa às 23h (hora que geralmente a festa está começando). Sem contar que ter meninos como amigos, para seus pais, era o mesmo que “Eles querem comer seu cu” (eh, essa Eu ainda ouvi na faculdade). Acho que as amizades nessa fase da vida são as mais sinceras e duradouras. O problema, de fato, de toda minha adolescência foi a resposta a pergunta “o quê vestir?”.

As tais e famosas mudanças hormono-corporais aceleradas, comuns nessa fase da vida, comigo foram devagar quase parando. O meu corpo Buchen de hoje não é por acaso. Naquela época, Meu Deus, Eu era quase uma Olívia Palito versão pele e osso. Enquanto minhas amigas tinham peitinhos bunitinhos e um lindo par de nádegas e pernas, Eu sofria com a falta de TUDO!!! (Ai, coitada!) Era terrível! O que me consola é que, boa parte das menininhas gostosinhas daquela época, hoje, são barangas e Eu...tô no auge. Sempre! ÓbIvio! Mas, um dos momentos cruciais e altamente constrangedores para qualquer ser que disponha (mesmo que por engano) de um útero saudável é, sem dúvida, a PORRA da menstruação. Nunca me esqueço o dia que conheci um absorvente.

Quando tinha nove anos, pedi a meu pai para comprar fraldas descartáveis preu poder brincar com minha boneca de plástico, a única que Eu podia dar banho sem que ela morresse (você quer dizer mofasse). Então, o velho apareceu com um pacote de absorvente Ella. Fiquei frustrada, claro! Eu, uma criança pura, esperando um pacote de fraldas Pampers, me deparo com um absorvente. Aquele pedaço de algodão comprido não tinha barreiras laterais para impedir o xixi de minha boneca péba de sair.

Bem, de todas as garotas da família, apenas Eu ainda faltava ficar de BOI (múúú!!!), chico, 301... qualquer nomezinhos e códigos desses que as garotas sempre criam para poder falar no assunto em público sem que as pessoas saibam, ainda mais os garotos. Certa manhã do mês de agosto, aos 14 anos, acordei com dor na bexiga e uma vontade monstra de mijá. Inocentemente, sem pensar que a vilã estava a espreita, tirei a calcinha e...BUUUMMM! - PUTA QUE PARIU! Essa merda veio! – pensei. O pior era ter que fazer o comunicado oficial a minha mãe. Claro, elas são sempre as piores nessas coisas. Mas fui bem objetiva. “Mãe, não ria. Eu menstruei”. A princípio, ela reagiu naturalmente. Me deu o absorvente e voltei pra cama. Foi então que comecei a me contorcer. A tal dor na bexiga era a da famosa cólica, que só conhecia por minhas amigas. O negócio mais parecia que tava me rasgando por dentro e só acalmou depois de uma dose potente de dipirona. Mais tarde, com a maior cara de quem levou uma surra, recebo o telefonema da minha tia: “Parabéns! Êh, êhhhh!”. E a resposta não poderia ser diferente: “Parabéns por quê? Por sangrar todo mês, ter que usar um pacote de fraldas durante uma semana e ainda me dopar de analgésicos? Fala sério, tia!”. Mais delicada, naquele momento, impossível. Nós não vivemos numa sociedade mulçumana. Será que ninguém entende isso?! Só faltavam fazer festinha e mostrar a calcinha.

A chegada da menstruação, porém, não diminuiu minha donzelisse (traduzindo: tabaquice, mamãozisse, abestalhadice). Há quem diga que esta é muito forte até hoje. Eu discordo! Isso é inveja! E olhe que Eu é quem sou despeitada, hein! A adolescência e a descoberta da sexualidade é uma droga quando você se parece uma gazela...”Voa gazela! Voa!!!”. Essa, fica pra parte II.

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