sexta-feira, 24 de abril de 2009

Chegada nos Isteites: “Odeio subways”


Chegando no motel, o coracao ficou ainda mais nervoso. Mais uma vez, o espanhol me ajudou. Miami e uma cidade em que todo mundo e, praticamente, bilingue. Logo de cara, tive que pagar a diaria, os cinco dolares do calcao e as taxas que o governo cobra ate pelo big-big que voce compra. O lugar nao era um hotel cinco estrelas, mas tinha agua quente na torneira. Confesso que fiquei com medo enquanto tomava banho. Todo cafofo nos EUA tem uma banheira e uma ducha. E ai… “PINPINPINPINPANPANPANPAN…”, a cena de “Psicose” veio a cabeca. Para nao dar chance a nenhum psicopata, deixei a cortina do banheiro aberta. Sei la ne, companheiro, o cara da recepcao sabia que eu tava so, alem de que eu nao tinha obrigacao de enxugar o banheiro mermo.

Apos o traumatico banho, vamos atras de comida. Na frente do motel tinha um Burger King e mais a frente uma Pizza Hut. Porem, a fim de manter minha forma super hiper “buchen” e balanceada, descartei as duas gordas possibilidades e os outros restaurantes a procura de alguma coisa mais saudavel (apesar da palavra ser dificil nos EUA). Enquanto caminhava, em busca do meu misto quente, pude ver como as ruas de Miami sao largas - o sonho de toda rodovida brasileira. Imaginem entao como sao as rodovias daqui - MAAARA!!! Tambem nao pude deixar de reparar nos carrinhos que circulavam pela cidade. Era Land Rover, Hangers, Hondas…esses carros a la “Velozes e Furiosos” sao muito comuns. Fusquinha? So se for o Beatle, dear! Tanto que, quando um americano ve um Fusca, ele da um murro ou uma tapa no companheiro que estiver ao lado. Eh, tipo de coisas sem graca de americano. As unicas marcas populares no Brasil que voce nao encontra aqui sao Pegout e Fiat.

Finalmente, achei uma lanchonte simples. Ao entrar, me senti um alien. Todos pararam e olharam pra mim. Bom, eu tambem nao ajudei muito, ne? A cara de pernambucana, com uma faixa de croche no cabelo, um tennis e vestindo uma camiseta de verao em pleno inverno… nao era de estranhar a reacao. Toda constrangida, fui logo nos refrigeradores para pegar alguma bebida, o que tambem era a oportunidade de baixar a cabeca e me esconder um pouco. Escolhido o suco e a salada de fruta, me dirigi ao servente para pedir meu tao querido misto quente. Foi ai que ele comecou a me fazer bilhoes de perguntas que quase me fizeram sair correndo de la. (Amigo, primeiro, eu nao falo sua lingua fluentemente, entao, vai com calma ou fala em espanhol que a gente se entende. Segundo, eu sou LIBRIANA KCT! Se ja e dificil decidir, quem dira decidir com rapidez! Entao, PATIENCE!!!).

Assustada e temendo que ele pudesse colocar qualquer merda do tipo “picles” no meu sandwich, disse que queria so queijo. Ao inves de facilitar a minha vida, o henergumeno, veio me perguntar qual o tipo de queijo. Meu filho, ve se entende. Queijo e queijo e pronto. Coloca queijo e cabousse, nao tem que perguntar tipo. Eu que to com fome e tu e que fica nervosinho. Nao contente, ele ainda me perguntou se eu queria salada, ja impaciente disse prele fazer o que ele quisesse. Foi so entao que eu vi o tamanho do pao e a ficha caiu. A lanchonete era simples, mas era especialista em subways. Fumo total: uma garrafinha de suco de laranja amargo pra caralho, U$ 2; um pote de salada de fruta, feita de quarto cubos de melao e mais quatro pedacos de um abacaxi amarelo azedo, U$ 4.90; e o sandwich de quase um metro de tamanho, que so tinha queijo, uma salada bem sebosa feita com pedacos de pimentao amarelo, verde e vermelho, que hoje eu sei que eram pimentas, e cebola crua. U$? Esqueci o preco, mas nem esse dai a propaganda feliz da Master Card resolve. A cagada que eu dei foi tao grande que so dei tres mordidas no tal sandwich e comi a metade da salada.

No dia seguinte, la vou eu com meu mochilao e meu casaco fuderoso de 400 conto na mao, de volta ao aeroporto. Dessa vez, o taxi era do tipo amarelinho e o motorista era de Nova Iorque. A viagem inteira fomos conversando, em ingles. (OIA!!!). Chegando no guiche da American Air Lines para fazer o cheking a caminho de Reno, sentia que alguma coisa estava faltando. O que me deixou super preocupada. Chequei se meus documentos, dinheiro e passagem estavam em maos. Tudo em ordem ate que…meu CASACO. CARALHOOOO!!!! O casaco de frio, impermeavel, preto, lindo, com capuz, super fechacao, que nunca foi usado e me custou 400 conto, eu esqueci na porra do taxi. Deixei de presente pra rapariga da mule do taxista que tinha que ser…baiana! Eita praga infeliz. Ate fora do Brasil, essas pextes rogam praga. (Com todo respeito aos meus amigos baianos, que so se salvam por ter o coracao pernambucano. Kkkk!). Ai comecei a fica invocada, doido. Tentei fazer o cheking no self-service da companhia, mas a porcaria da maquina nao lia o codigo de barra do meu passaporte. Resultado, tive que ir pro atendimento no guiche.

Apos pegar meu passaporte, a funcionaria perguntou pronde eu ia. Prontamente, respond: “Reno!”. E a miseravi perguntou de novo, ja com cara feia. Com o cunhao cheio, respondi, de novo, “RENO!”, so que desta vez mais alto, caso fosse problema de surdez. Foi ai que, irritada, ela perguntou pela terceira vez. Ai eu ja encaralhada, comecei a falar em espanhol, achando que ela pudesse me entender. “YO-VOY-A-RENO!”. Nao satisfeita, ela olhou meu passaporte e disse, em alto e bom som - “Temos uma brasileira!” e comecou a procurar um interprete. PRONTO! Se eu ja tava emputecida, agora e que eu ia falar minha lingua mermo. Comecei a falar em portugues com ela, pra irritar mermo e mostrei o bilhete de viagem. Va se fuder! Voce tem a obrigacao de me atender bem. So entao um outro funcionario, percebendo o estresse, gentilmente, me explicou, em ingles, que eu iria primeiro para Dallas e depois seguiria pra Reno. Antes de deixar o guiche, disse a mule que ela estava estressadinha e precisava relaxar. Foi ai que ela riu e passou a me amar.

E a saga continua. Depois de checar as malas, voce precisa passar pelos 350 bilhoes de detectores de metal que dao acesso a sala de embarque. Para isso, voce precisa enfrentar uma fila enorme em que so falta tirar a calcinha pra ver se nao tem nada escondido no utero. Casacos, sapatos, cinto, bolsa, laptop, eletronicos, tudo precisa ser depositado na bandeija que passara pelo detector. Miami e um dos principais aeroportos internacionais do pais, nao e de se estranhar.

Passado o sufoco, tranquilamente, me dirigi, com minha faixinha de croche na cabeca e minha bolsa de congresso de estudante (poooobre kkkkkk) pra sala de embargue com destino a Dallas. La, eu encontrei um grupo de, aproximadamente, 20 brasileiros, entre eles, um dos companheiros que ia para Reno, trabalhar no mesmo cassino que eu. E ai, nego, mas um MICO comecou…so que desta vez, em grupo!

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